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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Corrupção e Obras Públicas – Obras de urgência para reforçar o caixa da campanha eleitoral; ou o caso da secadora industrial

Da série "Corrupção e Obras Públicas". Você pode entender como fantasia ou ficção, eu só conto o que eu vi, ouvi e vivi. Será?

Fonte: Wikipédia
Todo os anos que ocorrem eleições são repletos de obras, inaugurações, eventos, etc. É quando o os candidatos precisam aparecer e lembrar ao eleitor que eles existem e o quanto eles já fizeram (ou pretendem fazer) pelo bem deles (entenda a frase como melhor quiser). Pontualmente esse ciclo ocorre a cada 2 anos, alternando-se as eleições municipais com as estaduais e nacionais.


Os candidatos ficam procurando por patrocínios para as suas campanhas. Esses patrocínios levam o nome de doação para campanha. Não sei da sua parte, mas no meu caso eu só dou dinheiro se eu recebo algo em troca ou se é uma causa na qual eu acredito. Por isso eu acho estranho quando eu vejo empresas que contribuem para vários candidatos de diversos partidos que estão disputando o mesmo cargo. Ou, tanto faz que vai ganhar, mas então porque precisa contribuir, ou estão garantindo receber algo lá na frente, depois da eleição.

Mas isso é divagação do tema que eu quero tratar. Quando a companha está em curso, é comum o candidato perceber que precisa de mais dinheiro do que o que foi previsto. Nessa hora é preciso um reforço de caixa. E de onde virá esse dinheiro? Só há duas formas, ou de simpatizantes (que contribuem antes ou depois da eleição, para cobrir o déficit), ou da corrupção, podendo existir as duas concomitantemente.

No segundo caso, os partidários do candidato que trabalham em órgãos e empresas públicas saem em busca de obras, serviços e que possam ser superfaturados e executados num curto prazo, para gerar caixa rapidamente. Em muitos casos o contrato para o serviço já existe, mas ele é acelerado naquele período e anda mais rápido do que os outros. Ou então cria-se “necessidade” de algum serviço urgente. É comum ver campanhas publicitárias milionárias de empresas estatais e órgãos públicos que não têm nenhuma necessidade de fazer propaganda. Essas campanhas são especialmente intensas no período próximo às eleições. Na verdade, segundo dizem, as agências de publicidade fazem contrato com essas empresas ao mesmo tempo que fazem propaganda eleitoral. Assim o preço fica diluído, e boa parte do valor é pago pelo órgão público. Também é comum patrocínios culturais e esportivos estranhos. Que não têm nenhuma relação com a empresa pública patrocinadora. Também já vi trocarem todos os computadores de uma empresa pública, muito antes do prazo de obsolescência, numa tacada só. Coincidentemente a empresa era de um patrocinador de campanha. E vocês podem imaginar muitas e muitas outras oportunidades para que o dinheiro público seja mal utilizado.

O caso que eu vou contar é bem concreto. Era ano eleitoral e já tínhamos mais de 20 escolas prontas, algumas já em funcionamento, mesmo que precário. Nós tínhamos que construir os prédios, mas os equipamentos das escolas, mesas, cadeiras, cozinha industrial, lavanderia completa, entre outros, seriam fornecidos pelo governo. Só que nenhum desses equipamentos tinha sido fornecido até o momento. Foi então, para a nossa surpresa, que fomos informados que as secadoras de roupa industriais seriam entregues e instaladas num mutirão. E assim aconteceu. Antes de terem salas de aula montadas, cozinhas ou máquinas de lavar roupa, já tinham secadoras enormes que, naturalmente, eram de uma empresa financiadora de campanha.

Dessa forma eu volto a dizer, não existe patrocínio desinteressado por parte de doadores que são também fornecedores de produtos e serviços para o setor público. É tudo troca de favores.

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